sábado, 7 de abril de 2012

Areia Movediça

Nessas férias eu sonhei que era sugado por um buraco com areia movediça.


Sei que é praticamente impossível uma pessoa morrer dessa forma, pois um buraco desses raramente tem mais de um metro de profundidade. Para ser sincero eu não sabia disso. Só fui saber, porque me dei ao trabalho de pesquisar depois de ter tido esse sonho. Antes disso, eu pensava que a areia movediça funcionava no mundo real igual nos filmes, em que o corpo das pessoas é completamente sugado por um buraco sem fundo. Tudo culpa da ficção que fica exibindo, erroneamente, os fenômenos da natureza para pessoas ingênuas, ávidas por conhecimento. Tudo em nome do entretenimento. Poucos se safam não ensinando mentiras. Buracos de areia movediça são bem rasos. Não é mesmo, Chapolin Colorado?


Esse foi mais um daqueles típicos sonhos em que você nem se dá conta de como foi parar ali; do nada, já se vê imerso em meio a acontecimentos que já estão rolando. Sendo assim, eu já me encontrava dentro de uma floresta com um grupo de pessoas desconhecidas. Mal havia começado o sonho e elas já estavam partindo. Embora eu não reconhecesse nenhum daqueles rostos no mundo real, eu sentia que fazia parte daquele grupo.
Eles decidiram partir. Eu por uma estranha razão, embora pertencesse ao grupo, decidi ficar mais um pouco. Assim, eles partiram sem mim. Comecei a andar sozinho pelos arredores e poucos instantes após a partida deles, tive a infelicidade de cair dentro de um buraco de mais ou menos 15 metros. Lembrei-me até de um certo filme...


Para piorar a situação, no fundo do buraco havia areia movediça. Apavorado eu me mexia bastante e ia afundando cada vez mais. Também, por uma estranha razão, resolvi não gritar por socorro. Embora ainda houvesse a remota chance de algum retardatário ainda estar por perto, eu não gritava de jeito nenhum. Sequer cogitei em fazer isso. Tive uma epifania e simplesmente parei de me mexer. Fiquei lá parado, olhando o sol brilhar pela última vez, esperando o inevitável. Rendi-me ao meu trágico destino. Ia morrer lentamente. Com as narinas entupidas de areia e com a cabeça completamente imersa, fechei meus olhos e quando os abri, me surpreendi. Como que em um passe de mágica eu estava novamente no topo do buraco, olhando-o para baixo. Percebi que na verdade, eu nunca havia caído. Tudo não passava de uma ilusão dentro do meu próprio sonho. Então, dei meia volta e saí correndo atrás do grupo, que já havia partido.
Engraçado como funcionam as coincidências. Quando tive esse sonho, eu estava ouvindo bastante a banda Alice in Chains. Identifico-me muito com as letras melancólicas, angustiantes e porque não, depressivas deles. Principalmente do álbum Dirt. Nesse mesmo álbum, tem uma música chamada Down in a Hole cuja letra fala justamente sobre estar sozinho dentro de um buraco, se sentindo pequeno, perdendo sua alma, etc. As semelhanças vão muito além das coincidências. Se eu nunca tivesse ouvido essa música eu teria tido esse sonho medonho? Aposto que não.


Ou talvez esse sonho possa ter sido uma metafora, tentando me dizer que o meu blog tematizado com areia vai acabar sendo minha ruina. Acho que não. No sonho a areia era amarela. A areia azul é inofensiva.
Mas a pergunta crucial, que até agora me faço, é outra. Porque o meu inconsciente se entregou tão facilmente à morte? Isso não é bom. Pelo menos o meu eu onírico não cogitou o suicídio. Ele preferiu ser sepultado vivo. Isso sim é ser original...

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