quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Produto Final

Eu podia resumir este texto em apenas uma sentença: mulheres são interesseiras. E ponto. Contudo não farei isso, pois sei que não é inteiramente verdade. Esta frase, embora tenha a sua parcela de verdade, é geralmente dita por homens que procuram dar justificativas para as suas tentativas fracassadas de aproximação com o sexo feminino. Sei disso porque já a disse muitas vezes. Tente relevar, nós somos humanos; é sempre mais fácil culpar o outro lado.


Apesar da parcialidade que não faço questão de esconder, me esforçarei para não escrever um texto machista demais. Já vou adiantando meus pedidos de desculpas quanto às generalizações que irei fazer, pois sei que existem muitas mulheres decentes, dignas e companheiras neste mundo que podem se sentir incluídas nos meus comentários. Espero que essas mulheres não se sintam ofendidas.
Vou começar falando brevemente do caso que me inspirou para escrever este texto. Recentemente os noticiários da televisão falaram sobre o julgamento da viúva do ganhador da Mega-Sena. Se ela foi ou não a mandante do assassinato do seu marido eu não sei. Nem me importa saber. O que mais me chamou a atenção foi a origem do relacionamento entre os dois. Como é comum nestes casos de milionários, a mulher só foi se “apaixonar” pelo cara depois que ele ficou rico. Não digo que é impossível um cara desprovido de beleza ficar com uma mulher maravilhosa (há casos que até hoje me deixam de queixo caído), mas quando há muito dinheiro na jogada sempre suspeito das reais intenções da parceira. Não só eu, como todo mundo.
Na verdade esse exemplo de bela viúva que herda os bens do marido rico, feioso e morto é muito extremo. Eu diria que ele é até clichê. O que quero dizer é que não é preciso o homem ser milionário para uma mulher manifestar interesse nos bens materiais que ele tem a oferecer. Até porque há poucos ricaços no mercado. Para ilustrar isso, acho melhor dar um exemplo mais próximo do nosso cotidiano.
Uma vez conheci uma bela advogada loira de trinta e poucos anos. Como é de costume acontecer comigo, ela começou a falar de um cara que estava interessada. Parece maldição: quando enfim conheço uma mulher solteira e legal que não se esquiva ou foge de mim, ela começa a falar de algum sujeito de que gosta. Como se eu quisesse ouvir esse tipo de coisa... Acabei ouvindo de qualquer forma. A história de vida do homem era a seguinte: ele apanhava dos pais quando era criança, fugiu de casa, foi morar nas ruas, catou papelão, revirou lixo para poder comer etc. História realmente comovente, sem ironias. Mais ainda foi a reviravolta: o cara cresceu, se tornou campeão de natação, hoje em dia é dono de uma rede de academias de ginástica e dá palestras sobre superação e empreendedorismo.
Depois de me contar essa história tocante, a advogada veio me dizer que estava apaixonada pelo sujeito e que se sentia infeliz porque ele não estava interessado nela. Não pude deixar de perguntar se ela o amaria mesmo se ele ainda fosse morador de rua. Ela obviamente disse que sim. Embora ela me transmitisse a imagem de ser uma boa pessoa duvidei momentaneamente da sua sinceridade. Uma advogada parecida com a Barbie namorando um mendigo. Acredito...
Mudando de assunto, falemos agora dos homens pobres e de aparência mais ou menos que enriquecem rapidamente como por exemplo, os músicos e os jogadores de futebol. Sinceramente não acredito que estes caras sejam tão ingênuos a ponto de acreditarem que as mulheres fáceis que surgem nas suas vidas gostem deles de verdade. Elas só estão com eles por causa do dinheiro e eles sabem disso. Eles apenas se aproveitam da situação, obtendo prazer. Vejo a situação da seguinte forma: quando você tem muito dinheiro, ficar sozinho se torna uma opção. As companhias antes negadas podem ser facilmente compradas. Não culpo esses senhores por quererem ficar ao lado de mulheres que antes só habitavam os seus sonhos.


A gente também tem que entender o lado das mulheres. Os românticos que me perdoem, mas vamos ser realistas dessa vez: não dá para viver só com amor. Amor não enche barriga, a não ser que surja uma gravidez no meio da história. Dinheiro é poder. Garante segurança, estabilidade e padrão de vida. Acho que todo mundo, homens e mulheres, querem isso. Essa segurança que o dinheiro proporciona. Por este motivo compreendo quem deseja optar por ficar com alguém que lhe oferece tudo isso. Mesmo assim acho errado construir uma relação baseada no interesse financeiro.
Tenho que fazer uma ressalva. O dinheiro não é a única forma de interesse não-romântico que desencadeia um relacionamento. O reino animal nos dá o exemplo da força. Muitas vezes o maior macho do bando, por ser o mais forte é aquele que possui mais fêmeas a disposição para procriar. Há a questão da idade também. Existem mulheres que preferem somente homens mais velhos. Elas afirmam que eles são mais maduros e acabam renegando homens da mesma idade que elas, generalizando-os e taxando-os de infantis. Aí novamente entra a questão do interesse: fica-se com um homem mais velho para se autoafirmar como uma pessoa madura demais para sua idade. A psicologia diz que isso é uma forma de substituir a figura paterna. Não importa. Seja pela proteção ou pela experiência é tudo interesse. O amor entra em segundo plano. Pode ser construído ou não ao longo do tempo. Para algumas mulheres antes mesmo de se apaixonar por alguém é mais importante estabelecer critérios e assim eliminar pretendentes, sem sequer dar a chance de conhecê-los melhor.
Não me canso de pensar na situação reversa. Algo como a história do Aladdin. Estou exagerando. Não precisa ser algo tão surreal quanto o amor entre uma princesa e um malandro de rua. Fica difícil imaginar até mesmo uma pessoa normal em questões financeiras, como um professor ou auxiliar de escritório, ficando com uma grande artista pop. Diferente dos homens, as mulheres quando atingem sucesso financeiro ficam com companheiros de igual condição financeira, no mínimo. Estou mentindo? Na vida real são bem escassos os Cinderelos.


Na minha concepção o legal de um relacionamento é que nele duas pessoas que se amam, amadurecem juntas em um esquema de parceria. Havendo essa cumplicidade constroem uma vida toda juntas, passando por tentativas e fracassos, experiências boas e ruins, reviravoltas e voltas por cima. Para mim isso é bem mais divertido, para muitas mulheres não. Para elas acaba sendo mais conveniente arrumar um namorado com carro do que um que está reunindo dinheiro para comprar um. É aquela velha história do carpe diem: a vida além de passageira é uma só. Melhor então aproveitá-la às custas de um otário que banque todo o luxo que precisa. Trabalhar para quê? Mas também justiça seja feita: existe muito homem que quando enfim consegue ter uma vida melhor, muda de companheira, que pode até não ser a mais bela das mulheres, mas que tem seu mérito por ter passado com ele pelos momentos de dificuldade. Chame-me de careta, bunda-mole, conservador, o que quiser. Acho isso errado.
Para muitas mulheres o produto final é tudo que importa. O homem bem sucedido. Estabilizado. Seguro. A aparência, a personalidade e o carinho são elementos acessórios. É mais seguro ficar com o produto final do que com o produto em construção, porque neste não há certeza de um futuro melhor. O relacionamento entre homem e mulher transformou-se em uma constante troca de interesses. Você se mantem aceitável para elas, enquanto durar o seu cargo de prestígio social elevado e enquanto chegar o seu contra-cheque polpudo e certo no fim de cada mês.


Sinto muito se transmiti a imagem de amargurado durante o texto. Anos e anos sendo substituído por concorrentes mais interessantes (R$) acabaram me deixando assim. Porém sempre há esperanças. Estou fazendo minha parte desde já. Não procuro usar meu currículo para impressionar uma mulher. Só meu coração. Encontros para mim são diferentes de entrevistas de emprego. Infelizmente até agora essa estratégia ousada vem dando errado. Espero que ela dê certo enquanto ainda sou pobre. Caso por milagre minha vida se transforme na história do otário que deu certo, não renegarei as minhas ideias registradas aqui hoje. Manterei a distância das sanguessugas interesseiras e continuarei forever alone, trancafiado no subsolo da minha futura mansão. Ou então irei me refugiar na Lua. Melhor desistir do que viver até os meus últimos dias dentro de uma ilusão.

PS: Pensei em inúmeros exemplos e decidi não colocar fotos de casais  famosos da vida real para ilustrar algumas passagens. Não conheço a vida íntima dessas pessoas então achei mais justo não falar nada. Aposto que alguns exemplos devem ter passado pelas cabeças de vocês.
PS2: Crônicas Faraônicas está em recesso. Retorno em março. Até lá!

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